O Galo do João

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27/02/2012 - 15:26

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Ontem, como todo jogo do Galo, acordei cedo e fiz minha caminhada matinal de domingo até a Sede do Atlético, onde os amigos já me esperavam para irmos de encontro ao time que move nossa semana.

Estávamos todos lá e só faltava o João, motorista que nos acompanha pelas estradas que levam ao Galo. É atleticano dos bons, com histórias para contar de loucuras que viveu por esses estádios, anestesiado pelo atleticanismo.

Pelo caminho, ele vai balançando o bigodão que lhe rende muitos apelidos, enquanto pensa na escalação ideal, o que acontecerá na tabela se o Galo ganhar e quem culpará se  a vitória não vier. Culpa o presidente, o técnico, os jogadores, mas nunca a torcida, pois o João é apaixonado por essa Massa.

E essa admiração pela torcida foi justificada em Divinópolis quando a camisa atleticana entrou em campo, os apaixonados que estavam presentes sentiram-se no melhor estádio do mundo, mesmo que talvez esse não fosse nem o melhor da cidade. Era aquele ambiente que o João sempre dizia que quer ver até o fim dos seus dias. Dois garotos se empurravam na grade para tentar atrapalhar o lateral adversário que passava por ali, e no primeiro gol, um cachorro, isso mesmo, um cachorro pulava de um lado para o outro como se soubesse o que representava aquele momento. Todos riam, exceto um senhor barbudo que levantava as mãos em direção ao campo e fazia algo parecido com uma prece, formando mais uma peça nesse quebra-cabeças que é a torcida atleticana.

395366 335114396529632 100000932234006 923039 1859509548 n 300x225 - O Galo do JoãoVeio o intervalo e com ele a triste notícia que a mãe do João havia falecido. No segundo tempo, a cada gol, a cada lance, os amigos trocavam olhares sem saber o que fazer ou o que dizer. Acabou o jogo e o João guardou as bandeiras e faixas, como sempre, ajeitou os bambus ao lado dele na van e foi logo comentando sobre o jogo. Algumas piadas de cruzeirenses, alguns casos que fizeram o João duvidar da veracidade, como uma luta de atleticanos com o Mickey, no interior paulista, e aos poucos Belo Horizonte foi chegando.

Quando paramos novamente na Sede do Galo, abraçamos o João e ao despedirmos, a anestesia alvinegra parece ter acabado o efeito. Só então ele percebera o que aconteceu e então ele voltou a ser o João do mundo real, onde é a dor que faz lacrimejarem os olhos.

Hoje ele cumpre o ritual dos homens e se despede de sua mãe, pessoa insubstituível. No domingo, é hora do João nos esperar para outro ritual, mas esse de alegria, um ritual que anestesia qualquer dor, que preenche os corações, que nos faz viver intensamente para que um dia os amigos nos leve ao ritual dos homens e digam que naquela lápide está alguém que viveu verdadeiramente. E se os olhos lacrimejarem em terras alvinegras, serão por cenas presenteadas por essa Massa que estará sempre ao lado do João.

ABRAÇO NAÇÃO!

Fael Lima

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