O mercado e os primeiros testes do Galo mostram que 2019 deve ser diferente
TEXTO DE MATHEUS EDUARDO
FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO
A vitória do Galo sobre a URT, na última quarta-feira, foi importante não só para retomar confiança com um resultado positivo e de boa atuação coletiva, mas também para ajudar a entender o que este elenco pode oferecer durante o ano. Nos últimos dias, as notícias envolvendo transferências — especulações sobre o Tardelli à parte* — acenaram para um grupo já montado com bastante antecedência e apenas ajustes pontuais daqui pra frente.
É muito cedo para falar que o Atlético de 2019 pode ser um time para disputar, de maneira mais competitiva e forte, os grandes campeonatos, mas a tendência é de um ano bem melhor que o passado. Por quê? Primeiro, por haver um pouco mais de planejamento: a iminente saída do Emerson (depois confirmada, e gerando bastante dinheiro para o clube — cerca de 30 milhões de reais), tendo a reposição já feita (Guga) e um bom trabalho de renovação e melhora no setor defensivo (Réver, Igor Rabello e Maidana como os nomes a médio/longo prazo) mostram que há algo diferente agora. O trabalho, no todo, também parece ser mais sério e pautado em uma temporada positiva.
Depois de falar do mercado, volto ao jogo desta semana contra a URT para trazer um lado otimista. Assim como na estreia, o Galo foi muito superior ao adversário e não deu muita chance para o azar. Aparentemente, o “time completo” que Levir faz questão de preparar em jogos maiores tem mostrado jogadores mais “plenos” na forma física e com maior confiança. Tem sido muito bom ver Ricardo Oliveira com mais vigor e deixando seus gols (lembrando o começo do Fred em 2017), e outros jogadores com pontos fortes mais exibidos: Chará e a capacidade de driblar, marcar sem a bola e gerar assistências (até gol marcou); Cazares no último passe; Luan e Patric bem pelo lado do campo, ainda que com suas limitações técnicas; os zagueiros Maidana e Rabello muito bem na parte física e nas coberturas; Elias e Jair com a boa chegada ao ataque; a melhora física do Leandrinho, que ano passado não conseguiu nem ir muito para os jogos por este problema… Tudo leva a crer que 2019 será bem mais reluzente que 2018.
O ponto que gera mais dúvida é sobre os grandes desafios, e o questionamento vai demorar a ter uma resposta direta. Porque a temporada é muito longa — especialmente no Brasil, dá pra dizer que é extremamente longa devido aos estaduais — e, somente no Brasileiro, haverá desafios de alto nível toda semana. De certo, agora, só os rivais de Belo Horizonte e os eventuais adversários de Libertadores (ainda assim, nem todos) como grandes parâmetros de avaliação. Mas, claro, sem desmerecer os demais jogos e a necessidade de vencer ou pontuar em quase todos. E é importante frisar que, com menos de um mês de trabalho, a preparação física ainda não está no melhor nível. Isso melhora com o tempo e com a sequência.
Com tudo isso, o que quero dizer? Mesmo com os confrontos diante do Danubio (URU) batendo na porta, o que será visto ainda não é o melhor Galo. Sabendo da dificuldade de um jogo de Libertadores, e que a situação deve ser ainda mais complicada que o duro clássico de domingo passado, é importante notar os pesos positivos e negativos da equipe nessas semanas.
Positivo: qualidade de jogo começando a melhorar e alguns reforços mostrando bom desempenho (especialmente Jair e Igor Rabello) — além de Vinícius e Maicon Bolt, que devem estrear neste fim de semana; boa janela de transferências do clube, de modo geral, solucionando quase todos os problemas de elenco vistos anteriormente; confiança em Levir Culpi para o ano — tendo tempo para trabalhar, especialmente com os jogadores que serão mais aproveitados, e descanso para jogos maiores.
Negativo: jogos muito importantes já no começo da temporada, e que podem mudar todo o rumo do ano (como uma eliminação precoce na Libertadores), em momento que o nível físico ainda não é o melhor pelo pouco ritmo e entrosamento da equipe em alguns setores; retorno gradativo de jogadores que podem ser importantes, mas agora estão fora (Gustavo Blanco e Papagaio, especialmente); alguns problemas defensivos e de intensidade no grande teste da temporada, diante do Cruzeiro.
Mesmo com um jogo em vista, ainda pelo Campeonato Mineiro, antes da estreia na Libertadores, a ansiedade é grande para um dos maiores torneios (talvez o maior, pensando em prioridade) para o clube no ano. Embora tenha feito bons jogos na menor exigência e o sinal de alerta tenha sido ligado no difícil clássico contra o Cruzeiro (que também teve pontos positivos), ainda há o que melhorar (e deve melhorar) nas próximas semanas, com ritmo e repetição do time “titular”. O jogo contra o Danubio é só o começo disso, e precisa ser visto com o cuidado de uma equipe que está começando o ano, ainda que com a seriedade de valer muito para o Galo seguir atrás da reconquista da América. Um passo de cada vez.
*: como, até agora, só há especulação e interesse do Atlético ao tentar repatriar o Tardelli, ainda não é o momento de falar sobre o que pode/poderia ser o time com ele. À espera de algo mais concreto ou da sua contratação (que parece, de início, difícil pelo salário que recebia na China e a clara diminuição ao voltar para o Galo), vamos aguardar.