O Real Madrid (não) é aqui
Por: Guilherme Peixoto
27/07/2017 - 23:11
O Atlético passa por uma grande crise de identidade. Após mais uma dura derrota, e consequente eliminação na Copa do Brasil, o Galo vê seus problemas serem escancarados. Sem definir uma filosofia a ser seguida, o clube trabalha com apenas uma meta: levantar taças.
Em linhas gerais, o objetivo de um time de futebol deve mesmo ser a conquista de títulos. No entanto, salvo raríssimas exceções, não é possível vencer sem planejamento. Após sofrer com a herança deixada por seus antecessores, Alexandre Kalil apostou na continuidade. Com Cuca, o Atlético foi vice-campeão brasileiro e conquistou a Libertadores, ápice de um trabalho que fora iniciado dois anos antes.
Daniel Nepomuceno, que foi vice-presidente na “Era Kalil”, parece ainda não ter definido uma “cara” para a sua gestão. Em pouco mais de dois anos e meio, cinco treinadores foram contratados. A sucessão de trabalhos interrompidos sem motivos aparentes mostra a falta de convicção do clube. Ao apresentar a “oscilação” como argumento principal para a demissão de Roger Machado, o presidente dá um claro indicio disso. A saída de Levir Culpi, dispensado duas rodadas antes do fim do Brasileiro de 2015, é outro exemplo. Apesar de bem intencionado, Nepomuceno despejou um fardo absurdo sobre as próprias costas.
Sim, o investimento feito para contar com grandes jogadores foi enorme. Contratado a “peso de ouro”, Robinho passa por má fase e não corresponde às expectativas. Mesmo assim, cobrar apenas por ter “assinado o cheque” pode não ser o mais prudente. Antes de qualquer cobrança ou atitude, é preciso diagnosticar, com calma, as causas do problema.
Sem Eduardo Maluf, Daniel Nepomuceno centralizou as decisões, passando a ser uma espécie de diretor de futebol “informal”. Nem mesmo a promoção de André Figueiredo à superintendência alterou o quadro. A ausência de um profissional para a função impede o mapeamento de possíveis reforços. Com um especialista em seu quadro diretivo, o Atlético pode realinhar a sua política de contratações, deixando de lado o modelo atual, apoiado na contratação de reforços renomados. Investir em atletas mais jovens é fundamental para fazer o ciclo do futebol se mover.
Acima de tudo, porém, todos precisam entender que não é possível ganhar sempre. Como o título deste texto sugere, o Atlético não é o Real Madrid, que entra com a obrigação de vencer em todos os campeonatos que disputa. Do presidente ao último dos torcedores, compreender isso é fundamental.
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Por: @ghpeixoto
Fotos: Bruno Cantini