Onde está o clima de “já é campeão” na torcida do GALO?

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25/10/2021 - 13:45

É compreensivo que o Brasil veja o título do GALO como questão de tempo e já adiante o fim da maldita fila de 50 anos. Dificilmente um líder deixou escapar o título do Brasileiro nos pontos corridos após ter uma vantagem tão grande a essa altura do campeonato, mas a torcida do GALO definitivamente não estará segura desse título até que ele esteja realmente garantido. Exatamente porque a torcida do GALO já viveu situações que fogem à lógica com a qual analistas e comentaristas fazem os seus cálculos para supor o que a gente já deveria estar sentindo hoje.

Eu, particularmente, até gostaria que a gente fosse um pouco mais confiante, mas entendo perfeitamente essa insegurança. Por isso vejo como ainda mais urgente do que simplesmente o título e o fim da fila, a segurança de poder torcer e curtir sem medo, a partir do nosso bicampeonato brasileiro. Acredito que essa taça mandará embora grandes traumas que, se nos perguntassem, teriam que ouvir como justificativa para a nossa cautela mesmo diante dessa enorme vantagem que inclusive, se estivesse nas mãos de qualquer outro time, nós também consideraríamos a garantia do título. Mas graças a Deus está nas nossas mão e por isso a gente prefere apoiar, comemorar cada vitória, mas guardar o grito de campeão para quando o título estiver 100% garantido.

Na coletiva após a vitória contra o Cuiabá o Cuca relembrou a experiência dele no Fluminense de 2009 e eu também me lembro da Copa do Brasil de 2014, quando havíamos vencido o primeiro jogo da final por 2x0 e na volta, ganhávamos do Cruzeiro no Mineirão por 1x0 e aos TRINTA E OITO MINUTOS do segundo tempo, alguns torcedores se permitiram gritar "É campeão" e foram repreendidos pela maioria, que assim como estamos hoje, só se permite comemorar o título quando ele estiver garantido.

Hoje estamos reclamando na internet da declaração do repórter Vinicius Nicoletti, que afirmou ao vivo para o Sportcenter da ESPN, ainda do Mineirão, que a torcida do GALO já cantava "É campeão" no estádio. E ele teve que se explicar no twitter sobre essa declaração desmentida fortemente por vários atleticanos.

A nossa desconfiança nos incomoda. Acho que a maioria gostaria de confiar mais no time. Mas quando o jogo aperta, quando perdemos pro Atlético-GO, quando o Cuiabá sai ganhando por um erro grotesco, quando um jogador põe a mão na coxa após uma arrancada ou em qualquer situação que fuja à perfeição de uma campanha ou de um jogo, aquele sentimento vem na cabeça de todos nós e a gente não se permite confiar. E se a gente não se permite, não queremos que alguém confie em nosso nome.

Se a imprensa nacional confia, se os rivais confiam, se o Renato Gaúcho confia, se torcedores de outros times confiam, o problema é deles. Mas que não falem pela gente. A gente quer muito confiar, mas ainda não conseguimos.

A parte boa é que racionalmente, lá no fundo e em secreto, a gente acredita nas nossas contas. Mas logo voltamos à vigilância: "calma, o GALO já fez coisas impressionantes demais pra gente confiar tanto".

A parte maravilhosa é que esse elenco, especialmente, é tão bom ou melhor do que vários ótimos times que a gente já viu vacilar. Mas eles mostram que não querem perder esse título. Eles conseguem nos passar uma confiança extra e diferente de outros anos. E a nossa forma de mostrar que acredita é fazendo exatamente o que a gente sempre fez mesmo quando não só não acreditávamos, mas sabíamos que não havia chance nenhuma de sermos campeões: Cantar e apoiar o time nas arquibancadas.

Isso a gente sempre fez, mesmo quando fomos rebaixados pra Série B a gente cantou e apoiou o GALO. E só a gente entende a diferença entre fazer muita festa e comemorar um título. Festejar o GALO em qualquer situação é a nossa essência. Comemorarmos outro título do Brasileirão, é a nossa obsessão.