Onde reina a imortalidade

Por: Fael Lima
18/11/2011 - 07:04

Onde é que o Galo está? – Perguntou o pai.

AQUI! - Respondeu a criança apontando para o sangue que corre em suas veias.

Cenas assim já valeriam o dia, valeriam a semana e diria ainda que o arrepio justificou o ano. Se os momentos ruins fazem com que abaixemos nossas cabeças, é justamente nesse momento que passamos a observar os pequeninos ao nosso redor. E ali encontrarmos forças para continuar.

Em que idade nasce a paixão por uma camisa? Veja aquele garoto! Mal consegue enxergar o gramado, precisa subir na cadeira, fica na ponta dos pés, mas seus olhos estão marejados após o gol. Que sentimento é esse que não se aprende em escolas? Seus dedinhos seguram a bandeira e ele a rói incansavelmente. Ao lado do Galo, ele se sente a pessoa mais feliz do mundo e ali vive as imagens que o acompanharão até a velhice.

Freud, Einstein, Nietzsche, Darwin, por favor, eu lhes imploro para que me expliquem essa cena que se passa diante da minha retina, mas não posso acreditar. Um bebê que ainda necessita dos braços da mãe para sobreviver, que não sabe que cenário é aquele e que de sua boca ainda não saiu uma palavra, mas sente pulsar o atleticanismo em seu peito e acompanha o ritmo do hino, entoado pela Charanga. Lhes digo que a cena é real e quando a vi, abandonei o jogo e deixei que as lentes capturassem esse momento para que ele fosse dividido com o mundo. Poucos segundos de silêncio eram suficientes para que o garoto batesse palmas e gritasse, como se dissesse - CANTEM - E quando os acordes voltavam, o sorriso nascia novamente em seu rosto.

Então senti que as arquibancadas transbordavam uma luz especial, vinda do lugar onde aqueles marmanjos precisam ser como crianças para entrarem, o Reino dos Céus.

Três cenas que renovam a fé nas cores preto e branco. Nesse momento, pra mim, o Galo já goleava por um placar incontável. Poderia citar ainda a pequena que saiu do estádio no ombro do pai e desceu o morro acompanhando o carnaval. Ou quem sabe o garoto que colocou o rosto na janela do ônibus antes de voltar para casa, assim os problemas seriam levados pelo vento para um lugar distante, onde não pudessem mais alcançar o Galo.

Vencer, vencer, vencer, esse é o nosso ideal. E o Atlético consegue trazer a mais deliciosa vitória nos simples detalhes.

Teriam eles descoberto a fórmula da felicidade? Quisera eu voltar a ser criança e ter essa resposta.

A única certeza que amanhece comigo é que a imortalidade do Atlético está em uma criança de enche o peito para gritar aos quatro cantos do mundo - Gaaaaaaallllllllooooooooooo.