Quando o Galo vence, o dia parece ter 48 horas. Dá tempo de abraçar os amigos, ligar pros parentes, pro vizinho chato, é possível cantar mil e uma músicas em homenagem ao alvinegro, dá tempo de chegar em casa e sentir que uma tonelada de preocupações ficaram na rua.
Se o Galo vence, a semana começa com uma sexta-feira, leve, sem problema algum. Vitória do Galo é sinônimo de renascimento, da esperança, do sorriso, da confiança. Pode ser vitória contra o Íbis, o América, ou até mesmo a Seleção Brasileira, nossa velha freguesa. Não importa! A vitória do Galo lava a alma, com gol de placa ou com chute desengonçado.
Vitória do Galo revela a loucura do atleticano. O mesmo homem que amarrou a faixa de cabeça para baixo, em protesto, é visto de cabeça para baixo, dando cambalhotas e esquecendo que existia problema alguns minutos antes.
Quando o adversário tenta estragar a festa, encontra um goleiro que voa, e lá no alto encontra nossos sonhos. Digo novamente – pode ter ganhado uma Copa do Mundo, do time azul ou do Íbis (esses dois têm uma importância semelhante), mas vitória é vitória.
Lá no alto, nas mãos do goleiro e no topo da tabela, mora nosso sonho. E ele nasce assim, no gol sinistro e na vitória de pouca importância, ele encontra problemas pela frente, os derruba e revela um gigante. Um sonho que se arrasta por anos, mas que para ser realizado, depende de dias assim, com vitórias simples e, teoricamente, sem importância.
Mas, ao contrário dos sonhos, os dias chegam ao fim. Juro que acordei agora a pouco, cheio de confiança, certo que a vitória estava por vir. Bastou piscar os olhos para ver uma torcida lutando pelo seu time, o juiz apitar e novamente me encontrar no travesseiro, novamente com a certeza que uma vitória está por vir, dessa vez, nos próximos dias.
O dia chegou ao fim, os sonhos não, já que a esperança não dorme. Deixe os sonhos comigo, deixe os gols por conta dos chutes desengonçados, deixe as vitórias por conta do Galo, deixe a noite por conta do sol.
Quando o Galo vence, o dia poderia ter mais uma centena de horas para caber tanta felicidade.
ABRAÇO NAÇÃO!
Fael Lima
*Fotos: Gabriel Castro
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