Os dilemas do Galo
Por: Guilherme Peixoto
16/06/2017 - 20:28
Após a derrota por 1-0 para o Atlético/PR, o Galo deu sequência a uma série de resultados ruins. Com apenas uma vitória em sete rodadas, a equipe soma seis pontos ganhos e amarga a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. A pressa e a ansiedade ficaram claras na partida contra o xará paranaense: mesmo com um jogador a mais durante grande parte do confronto, o Galo fez impressionantes 63 cruzamentos, errando 55 deles.
Atormentado pelos constantes desfalques, Roger Machado não consegue repetir uma escalação desde os jogos contra Fluminense e Ponte Preta. Além disso, o desempenho da equipe é ruim e o sistema defensivo tem sido prejudicado por sucessivas falhas individuais.
O melhor momento do Atlético na temporada aconteceu entre o jogo de volta da final do Mineiro e a última rodada da fase de grupos da Libertadores. Naquela sequência, que teve jogos contra Cruzeiro, Flamengo e Godoy Cruz, Roger armou sua equipe em um 4-2-3-1 que tinha Adílson e Rafael Carioca à frente da zaga, Elias aberto pela direita, Robinho por dentro e Cazares ou Otero fazendo o lado esquerdo, sobretudo quando o time não tinha a posse de bola. Àquela altura, o técnico atleticano parecia ter encontrado o equilíbrio defensivo que o Galo procura desde 2015. Apostando no jogo reativo, o Atlético se defendia com duas linhas de quatro, mais Robinho e Fred marcando o início das jogadas adversárias. Com a bola, Roger apostava em transições ofensivas rápidas e diretas.
A escalação, porém, teve de ser alterada repetidas vezes por conta de desgastes físicos, contusões, suspensões e outros fatores. Para o jogo de quarta, por exemplo, o Galo estava desfalcado de dez atletas. No meio, sem os lesionados Adílson e Yago - além de Roger Bernardo, que ainda não está em condições legais de atuar - Elias precisou jogar alinhado à Rafael Carioca. Por mais que o técnico alvinegro justifique o recuo do camisa 8 pela necessidade de propor o jogo, fica claro que Elias acaba subutilizado quando não pode ser o “elemento surpresa”.
Sem Cazares, as dificuldades do Atlético no jogo ofensivo se tornam ainda mais evidentes. Lento e burocrático, o setor de ataque sofre para furar defesas bem organizadas e apela para a bola aérea. Quando está em campo, o veloz meia equatoriano consegue articular os lances ofensivos com dinamismo e rapidez, o que acaba disfarçando o problema.
Lá atrás, Victor tenta salvar a última linha, mas nem sempre obtém sucesso. Sem zagueiros totalmente confiáveis, o Atlético concede muitos espaços aos ataques adversários, situação que é agravada pelos constantes erros individuais. Nas duas últimas partidas, Erazo e Felipe Santana, respectivamente, influenciaram diretamente no resultado. De 2014 pra cá, o Atlético contratou cinco zagueiros. Deles, apenas Otamendi teve desempenho satisfatório.
Sem muito tempo para treinos e soluções mais complexas, Roger precisa voltar ao estilo reativo do começo de maio. Adiantado, Elias pode contribuir mais e ajudar Cazares na tarefa de organizar as situações de ataque. Apagado pelo lado e sem o vigor físico de outrora, Robinho pode ser utilizado como arma de segundo tempo, para aproveitar o cansaço das defesas adversárias. No Vasco, Milton Mendes tem utilizado Nenê de forma parecida.
Por fim, para solucionar o problema crônico da falta de zagueiros, é necessário ir à caça de peças mais qualificadas. Para isso, é fundamental mapear bem o mercado em busca de jogadores que cheguem para assumir a titularidade.
Por: @ghpeixoto