Pai forte e vingador!

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13/08/2017 - 07:30

Essa é a história de um campeão. Um cara que já sofreu, foi vítima das injustiças da vida e que com muita luta, raça e amor, superou todas as pequenas derrotas do dia a dia. Segue a vida, é imortal! Nasceu humilde, saiu do nada conquistando com dificuldade cada passo. Sinônimo de raça! Aprendeu a crescer com as pequenas decepções, começou a se destacar logo cedo, fez sucesso, se tornou notável, constituiu família e vive bem na medida do possível. Tem uma chateação ou outra, como todos nós, mas segue forte e vingador, superando-as, sendo um homem melhor e deixando seus filhos mais orgulhosos a cada dia. Um SUPER-PAI!

Certo dia esse homem se viu enfermo, debilitado, fraco. Se preocupou com o sofrimento dos filhos, pois ele mesmo já estava acostumado com os contratempos da vida. Sabia que iria superar mais esse, não se amedrontou. Só pensou em não deixar sua família preocupada. Ele é forte, agora não tanto, mas vai se recuperar. E é sábio. Já passou por muita coisa e tá aí, continua firme. É raçudo, tem história e experiência. Já viu outros sucumbirem, se desesperarem ou ainda superarem problemas parecidos. Sabe que pode buscar bons exemplos do seu próprio passado ou do que já viu por aí para superar esse momento. Se não tiver exemplos ele cria uma nova história mesmo sem precedentes, certamente.

Acontece que a enfermidade não é muito simples. É bem séria, na verdade. Pode deixar sequelas e se não for tratada a tempo, pode levar a limitações irreparáveis. Até se atentar pra sua condição, os sintomas de fraqueza, confusão mental, estresse e até depressão já haviam lhe prejudicado consideravelmente no trabalho e no relacionamento com os filhos. Não queria mais se arriscar. Sabia e humildemente, procurou ajuda. Buscou um tratamento.

O médico disse ao homem que o problema dele é crônico. Terá que se cuidar sempre, mudar seus hábitos e que viverá até melhor que antes se o fizer, mas para aquele momento, deveria se internar até se recuperar. O homem relutou. Não tem tempo pra parar, precisa produzir. Do que viverão os seus filhos nesse tempo? Não pode se ausentar nem deixá-los sem a sua proteção. Eles precisam dele o tempo todo.

O médico explicou que as certas complicações causariam tristezas maiores aos filhos. Que era melhor eles se virarem por um tempo sem esperar nada do pai do que prorrogarem o tratamento. Isso causaria traumas bem mais sérios. Sugeriu que o homem reunisse seus filhos e lhes comunicasse sobre o seu período de ausência pelo tratamento e o que precisariam mudar na vida deles dali em diante.

O homem seguiu o conselho. Conhecia bem as suas crias. Alguns, inclusive, já haviam vivido momentos difíceis anteriores e o pai se preveniu. Já sabia do filho que teria que acalmar quando fosse pra cima do médico culpando-o ou duvidando do diagnóstico. Já esperava que outro mais emotivo chorasse e se desesperasse diante da situação e se preparou para consolá-lo. Pediria calma e o lembraria de todas as suas histórias de superação, prometeria que isso iria passar logo. Pediria ao filho mais responsável que cuidasse dos outros enquanto não estivesse presente. Sabia que o mais materialista só pensaria nos sacrifícios e nas perdas que a falta do pai resultariam e nos privilégios dos quais teria que abrir mão nessa nova realidade. Teve duvida sobre o filho mais novo. Esse era imprevisível, pois por ser o caçula, era muito mais dependente do pai. Além disso não havia passado por muitos dos seus momentos mais difíceis, ainda não havia vivido aquilo. Esse só ouvia histórias nas reuniões de família quando todos riam juntos das dificuldades já superadas. Agora ele passaria por um momento igual. Como reagiria? O homem se preocupou.

Ao receber a notícia, cada um dos filhos reagiu conforme a sua personalidade e conforme o pai já havia previsto. Cada um tentou resolver o problema do seu jeito e convencer os outros do que era melhor pro pai e para eles. Na verdade todos estavam confusos, tensos, assustados, apreensivos com o que poderia acontecer. Afinal, mesmo após a recuperação, os hábitos do pai teriam que mudar. Eles também teriam que mudar para manter a boa saúde do pai. Teriam que participar da recuperação e manutenção naquele novo cenário. Cada um deles queria o melhor para o pai que amam, mas cada um tentava do seu jeito convencer os irmãos de como agir naquela situação. Eles realmente precisavam muito dele e todos estavam tentando ajudar. A cada momento que um dos filhos dava a sua sugestão os outros o acusavam de não estar ajudando e diziam que isso não deveria ser feito. Cada um oferecendo o que tinha de melhor, mas nunca chegavam a um acordo. O pai se entristeceu com a situação. Apesar de debilitado, queria fazer algo para administrar aquela confusão.

Somente um dos filhos não disse nada. Estava triste, mas confiava na história do seu pai. Ele não queria dar solução, ele não quis participar da discussão pois sabia que aquilo iria passar. Ele deixou a discussão de lado e foi apoiar seu pai que passava por um momento difícil. Era o filho mais novo. O que só ouvia as histórias ruins já superadas e pela primeira vez estava passando por um perrengue. Ele preferiu ficar perto, dizer ao seu pai que todos os irmãos o amavam e que eles passariam mais uma vez por esse mal momento, cada um iria reagir do seu jeito e depois todos ririam daquilo. Quis dar força e manifestar sua confiança. Prometeu que iria visita-lo sempre até que ele saísse daquele lugar e faria o possível pras mudanças de hábitos indicadas pelo médico serem menos traumáticas. Eles passariam por aquilo juntos.

O pai entende o seus filhos e o motivo pelo qual cada um reagiu da forma como reagiu. Cada um foi educado em um período diferente da vida dele. Cada um teve suas dificuldades e exemplos específicos na sua formação como pessoa. Ele sabe que todos querem o melhor para ele e já sabia que eles iriam ter aquela discussão, por isso havia se preocupado anteriormente. Ele é compreensivo, mas ficou satisfeito com a demonstração de confiança e sabedoria do filho mais novo. Justamente daquele de quem ele não sabia o que esperar, veio o apoio. Era do que ele precisava naquele momento.

Talvez por não ter vivido essa experiência ainda, o filho mais novo se atentou pro fato de que nas histórias que ouvia dos seus irmãos, cada um revelava certo ressentimento, fator determinante para a formação do seu caráter. Um trauma ainda não superado. Percebeu que cada um achava a suas experiências mais sofridas do que as dos outros, que cada um pensava ter criado um laço mais forte com o pai do que os outros. E percebeu que na verdade, cada irmão acha que passou pelo pior momento e superou a fase mais difícil, mas quem passou por tudo e superou todas as dificuldades não foi ninguém senão esse homem que todos os filhos amam.

Toda aquela discussão entre os irmãos era uma defesa, uma forma de provarem para si e para os outros que se importam com o pai. Sabia que no fim das contas eles tomariam uma decisão e alguém sairia contrariado. Normal! Entendeu que essas coisas acontecem, passam, são inevitáveis e não são culpa de ninguém. Simplesmente acontecem. É a vida! Então foi direto à essência. Preferiu estar literalmente ao lado do pai fazendo o melhor que poderia fazer por ele naquele momento difícil até que mais essa dificuldade seja superada.

Abriu mão da oportunidade de ter razão e de ter um caso pra contar num futuro almoço da família. Mas certamente ele já planejava garantir mais uma vez a sua cadeira pra ficar ao lado do pai enquanto seus irmãos vibrariam com alegria relembrando as vitórias do pai e a participação deles em cada momento.

Ele entendeu que cada um ajuda do seu jeito e que todos os papeis são importantes. Mas ficou feliz quando se deu conta de ter escolhido a melhor parte e ser reconhecido pelo pai por oferecer o mais básico e agradável: Estar ao lado de quem você ama nas horas boas e ter a resiliência necessária pra continuar apoiando nos momentos difíceis.

FELIZ DIA DOS PAIS!