Respeito – Risco de extinção

Por:
07/07/2011 - 20:07

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Paula Soares Matias

Histórias que eu ouço do meu avô e do meu pai me fascinam. Contam casos da época em que o futebol era movido à paixão, onde os jogadores amavam sim o seu time e jogavam com raça e orgulho; realmente vestiam a camisa. Pego como exemplo o ex-jogador atleticano Mário de Castro que recusou o convite de jogar pela seleção brasileira afirmando que não vestiria outra camisa que não fosse a preta e branca. As más condições não eram desculpas, como o frio passado na Europa na década de 50, que não foi empecilho para o time comandado por Ricardo Diez. O Atlético é sim Campeão do Gelo, e tenho orgulho disso. Primeiro time brasileiro a jogar na Europa, venceu distância, frio e a torcida adversária. Os jogadores se portaram como verdadeiros guerreiros, e deveriam servir de exemplo para os que atuam hoje. Ouço histórias sobre a vitória em cima da seleção canarinho, com direito a gol do inesquecível de Dadá Maravilha, eterno camisa nove, que parando no ar, como um beija-flor e com o queixo no peito, nos deu o título que é o maior orgulho de toda nação atleticana, o primeiro campeão brasileiro. Ídolos como Reinaldo, Kafunga, Cerezo, entre outros que na hora que precisavam tinham peito o suficiente para chamar a responsabilidade e vencer uma partida. A história do Atlético é linda e anda de mãos dadas com a participação da torcida mais apaixonada do mundo.

Infelizmente, com o passar dos anos, o futebol mudou sua figura. Hoje é visto como um meio de ganhar dinheiro, transferências caríssimas, salários exorbitantes, jogos comprados pela televisão, enquanto a paixão fica por conta de nós, eternos torcedores.ATgAAACKLXpoDh6e0w6muF6K1GaQZeFPVM3llKvQvKjB3nXuvaT83SiQDirk 228x300 - Respeito - Risco de extinção

Sei que sou nova, tenho apenas 20 anos, posso não ser especialista em futebol também, mas sou apaixonada pelo meu clube e por esse maravilhoso esporte, e, no pouco que entendo, sei que a nação alvinegra não merece o time que tem. A história que vejo hoje é completamente diferente da que o meu pai me contava. É... essa é a nossa realidade, estamos calejados pelos péssimos dirigentes que só atolaram o GALO em dívidas, e mesmo assim NUNCA perdemos a esperança. Quem nunca ouviu um atleticano dizer: “Esse ano o GALO vai...” ? Conhecida em qualquer canto, a torcida atleticana move o time independente de qualquer situação. EU presenciei, estava lá, eu e meu pai, em 2005 naquele tortuoso 0x0 contra o Vasco e vi após o apito final do juiz quase 50 mil torcedores cantando com orgulho o hino mais bonito do mundo “VENCER, VENCER, VENCER ESTE É O NOSSO IDEAL...” Não tenho vergonha de vestir o manto sagrado, mesmo que tenha acabado de perder de goleada para qualquer time. Visto com amor e orgulho e é assim sempre que tem jogos, esse ritual de vestir a segunda pele, colocar o bandeirão no carro e fazer o que mais gosto; ver um jogo do meu GALO!

Não importo com títulos, são sim muito importantes; porém o amor fala mais alto que tudo, não tem coisa mais bonita no mundo do que ver o estádio lotado e a torcida inteira entoando o hino, pedindo para os jogadores “LUTATEM COM TODA RAÇA E ORGULHO PRA VENCER...” Diante desse amor incondicional eu me pergunto: “O que falta pra esses jogadores mostrarem pelo menos vontade dentro de campo?” Sei que muitos não vão concordar, mas durante a gestão do Kalil eles não têm nada o que reclamar. O melhor CT do Brasil, a melhor torcida, salários pagos em dia... O que mais eles querem? A derrota é coisa de futebol, não dá pra ganhar sempre, mas e quando se vê que o motivo da derrota é a falta de entrega de jogadores, o que se faz? Não dá mais. Tenho visto nas últimas rodadas do brasileiro, um time apático, que se acomoda com a marcação adversária. Jogadores errando passe, e que não se movimentam para receber a bola, uma zaga mal treinada, um meio de campo inoperante, laterais que não tem a capacidade de cruzar e atacantes tendo que vim quase no campo adversário buscar a bola porque não chega neles em condições de finalizar, sem falar no técnico que está completamente perdido. Li uma crônica do comentarista Mauro Beting Filho, que me emocionei, em uma parte ele diz: “ O atleticano não exige bola de todo time. Não cobra inspiração de cada jogador. Quer apenas ver um atleticano transpirando em cada camisa, em cada posição, em cada jogada. Por isso pede para que o time lute. É o mínimo para quem dá o máximo na arquibancada.” Se for colocar no papel, time nós temos sim. Nós atleticanos QUEREMOS RAÇA DO TIME TODO. E vocês jogadores o que mais vocês querem?

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