“Said, Mário e Jairo assombraram” e a Libertadores na Linha do Tempo
Por: Roberto Marques
01/12/2017 - 21:01
Semana do 9X2 – 90 anos de uma goleada eterna
– O Graduado Trio Bendito - “Said, Mário e Jairo assombraram” e a Libertadores na Linha do Tempo–
Sexta-feira – 01/12/2017
Hoje, sexta-feira 1º de dezembro de 2017, confesso-lhes que me sinto rejuvenescido ao transportar os atleticanos para a bucólica Belo Horizonte dos anos 20 para informar o quão real e grandiosa é a história do Atlético.
Quisera Deus que tivéssemos em nosso país uma memória que nos fizesse trazer o orgulho da limpidez, hombridade, humanidade e verdade, assim como está escrita a vida do Clube Atlético Mineiro. Certamente não teríamos tantas injustiças sociais e o nosso país seria bem melhor.
Orgulho-me de forma arrepiada (suba o hino em vossos corações) ao perceber que nossas vitórias foram marcadas no tempo com os louros da HONRA. Não queria ser vitorioso diante dos caminhos tortuosos do Macunaíma ou das armações típicas do imundo sistema.
É preciso carinho para falar Atlético
É pulsar
Pureza para te pronunciar
Ser Atlético é renunciar suas próprias convicções para compartilhar um GOL de quem pouco antes se discordou
É alternar do verso à prosa e seguir seus próprios ventos
Não esqueçam: o Atlético é verbo da melodia
Estou na Década do Modernismo, não venham ditar regras “pro” meu jeito simples de ao Atlético contemplar
Exijam sistemas limpos, mas não venham ao meu sentimento pautar
Somos contramão, não somos convencionais
Incoerência dos passionais
Aqui é pequi com arroz rapaz!
Ao tentar retornar à linha do tempo como o Flash em suas histórias, viajamos entre 1927 e 2017. Neste mergulho voltamos no tempo, contamos a história do voto feminino, o caminhar da Política do Café-com-Leite que estava por levar Getúlio Vargas ao poder e ainda relatamos a força do mineiro Antônio Carlos, que além de ser uma grande avenida de BH, deu nome ao primeiro estádio do “Atlhetico” e foi um grande democrata nacional.
Resta nos contar um pouco sobre o mais natural sentimento que existe em Minas Gerais desde sua existência, como relata o jornal Minas Gerais em 29/11/1927: “A torcida athleticana, como é natural, está no auge do enthusiasmo. Sob aplausos da assistência(torcida), o Palestra recomeça o jogo. O trio central não dá trégua à defesa contrária, sempre na meta palestrina. Assim é que, ás 16,31, Ivo dá a bola a Said e este passa a Jairo, o qual marca o sexto “goal” do Athletico”.
Orion, codinome de craque
Talvez ao ler a descrição do terceiro gol do “Athletico” pelo Diário da Manhã com os dizeres: “Com nova sahida do Palestra, o jogo esteve algum tempo equilibrado, até que, às 4,39 Said fugindo pela direita, centrou bem para Orion receber e marcar o quarto gol do Athletico” alguns possam não identificar quem era o atacante de quem não se registra nada na história. Afinal, quem era o tal Orion?
Mário tinha como obrigação cursar medicina e sua mãe exigiu: “Ou a bola ou a escola”. Mário teve que jogar escondido e para fazê-lo ousou inverter seu nome de trás para frente. Contudo, a torcida mal entendia e em vez de Oriam, ficou o tal Orion. O Doutor da bola formou-se em Medicina. Negou a Seleção Brasileira, escolheu o Atlético e a medicina. Dono da maior média de gols do Atlético com 195 gols em 100 partidas, ORION fazia que não queria, fazia-se de morto e no pestanejar vazava sempre as redes adversárias.
Said e as raízes árabes
Said Paulo Arges é um dos grandes pioneiros e responsáveis pela colonização de sírios na vida atleticana. Além de ser o sexto artilheiro da história do Atlético, contar um pouco de Said contribui para entender essa influência tão viva ainda nos corredores do clube. Mantendo a tradição de acolher todos os que estão às margens os corredores da Sede de Lourdes ainda recebeu recentemente refugiados da Síria. O Atlético é sem limites, ao preto e branco não há barreiras.
Voltando a Said, o jogador atuava pelo Sport Syrio Horizontino que foi extinto. Tido como “boa praça” Said levou consigo toda colônia sírio-libanesa para apoiá-lo. Segundo Emir Cadar, conselheiro e cônsul da Síria em Belo Horizonte, O Said foi o responsável por esse amor dos árabes de Belo Horizonte pelo Galo”, declarou ao Jornal Hoje em Dia.
Com 142 gols, Said ao contrário de Mário e Jairo que fizeram Medicina, ele formou-se em Direito e devido ao amor ao futebol atrasou a formatura que se deu em 1942, dez anos após o início do curso. Campeão estadual por três vezes, atuava como atacante pela esquerda e deixou seu legado ao glorioso.
Jairo levou o Galo à Zona da Mata
Jairo que nasceu em Muriaé foi o cérebro do Trio Maldito. Além de construir jogadas com inteligência o atacante abriu os caminhos do futebol mineiro à Zona da Mata. No período anterior ao seu futebol a influência do futebol carioca fazia com que os times de Belo Horizonte ficassem em segundo plano.
O doutor da bola fez correr o estado a sua categoria e o Atlético conquistou apaixonados torcedores minimizando a discrepância. Formou-se em Medicina e atuou entre 1926 a 1933 fazendo 122 gols com a camisa atleticana.
Assombraram
O jornal Correio Mineiro de forma objetiva em 29/11/1927 descreveu o Trio Maldito: ”Said, Mário e Jairo assombraram”
A Libertadores na linha do tempo
Ao relatar toda essa épica jornada dos 90 anos do 9x2, estamos a viver o resgate do torcedor que vai ao Estádio com olhos brilhando por um ideal maior que o consumir de um tênis novo, um celular versão “XYZ” ou de mais um coração a descartar nestes tempos de tanta embalagem e pouco sentir.
Ao crer no amor, NÓS Acreditamos não no produto comprado
Acreditamos no cachorro que entra no meio da torcida
Vivemos sempre por dividir a carona e “meiar” o pão
Nós somos a comunhão
Que seria de Minas sem você?
A Camisa do Atlético estará em mais um domingo abrindo o Sol de dezembro
Vem meu amor, pegue sua camisa e nossos filhotes
As flores estão no caminho
Vem atleticano, o Atlético te convoca domingo
Viva o ETERNO 9X2, esqueça suas convicções
Faça como o Flash, avance a linha do tempo
Pegue sua bandeira e vem gritar comigo
O Galo te chama e nada mais importa
Somos mesmo a cachorrada
Faça chuva ou faça sol
Estaremos lá no portão
Tristes ou alegres para te ver chegar
Somos a cachorrada de quem se deve orgulhar
Quando você precisar de mim
Saiba que eu estarei bem aqui
No frio ou no quente, menos no morno
Porque isso não faz parte de mim
Viva o Atlético, alegria do domingo
O Atlético é verbo da melodia
Janela na escuridão
Se eu errar contra ti que me prenda enfim!