Chegou a hora de despedir e eu não sei o que dizer. Você ainda irá cumprir compromissos em outros caminhos, mas eu não te vejo mais.
E se eu não fui tão feliz esse ano, por que então quero que você fique? Não há uma razão lógica para isso, mas há tempos eu deixei de tentar entender o que faz o atleticano por essa bandeira.
Hoje eu me sinto como num dia de luto, afinal eu estarei te perdendo, mesmo que por alguns meses. E nesse intervalo quem fará com que eu comemore? Quem me dará toda a felicidade do mundo no balançar de uma rede?
Se fosse possível, tenho certeza que eu e essas milhares de pessoas continuaríamos aqui, cantando e pulando até o dia da sua volta. Mas não e possível, então tenho 90 minutos para lhe dar o último abraço, gritar pela última vez, esse ano, seu nome na arquibancada.
E farei em grande estilo, tendo uma overdose alvinegra nesse dia, cantando quantas músicas eu souber no tom mais alto. Assim, você ganhará a estrada, mas minha voz irá contigo, ecoando e mostrando ao Brasil que esse teu povo é “Galo Doido”.
A cada gol, pode ser que eu vibre, como sempre vibrei, ou pode ser que eu fique quieto, como nunca fiquei; e se isso acontecer, não pense que é tristeza, pois eu sou a listra branca e você, Atlético, é a listra negra, e mesmo em anos trágicos fica a certeza que um sem o outro não é nada.
Você é o retrato do teu povo e este não tem o mesmo dia a dia ao acordar e saber que no fim de tarde sua camisa não estará em campo.
Eu não sei onde fica guardada sua energia nesse tempo fora, mas se passar pela terra dos sonhos, pegue os nossos e volte para casa. Tenha a certeza que não ficaremos um dia sequer sem vestir nossas camisas e na porta iremos lhe esperar.
Se ainda estiver com os sonhos, o sorriso nascerá de forma natural no meu rosto. Se mais um ano difícil lhe acompanhar, saiba que ainda assim a porta estará aberta, pois somos esse povo atleticano, sinônimo do inexplicável.
Leve um pouco da listra branca, deixe um pouco da listra negra e siga seu caminho.
ABRAÇO NAÇÃO!
Fael Lima
