Mágico! Se existe uma palavra que define bem o momento que eu vivi na fila da sede quarta feira, é essa magia.
Ao sair de casa as 05:40 da manhã, sabia que ao chegar na fila não seria a primeira. Confesso que senti certo receio de encarar a chuva que caía lá fora para ir em busca do direito de ver o glorioso jogar, mas ao olhar a minha blusa previamente separada para ocasião e lembrar do meu amado primo que entrou em êxtase com a possibilidade de ir ao jogo, me enchi de disposição.
A fila dobrava quarteirão quando cheguei e ao passar pelas pessoas, pude observar crianças, mães com filhos no colo, pais trabalhadores que haviam encerrado expediente e aqueles que matavam serviço e por isso escondiam-se das câmeras de televisão, senhoras, senhores, negros e brancos.
O grupo que foi a minha companhia durante as quatro horas que ali permaneci, era composto por cinco homens, que se tratavam e me trataram, como se fôssemos velhos amigos, ofereceram lanche, abrigo e histórias encantadoras com finais felizes ou não.
A chuva parecia lavar a alma dos presentes, que pararam de tratá-la como inimiga e a incluíram na festa.
Um menino a poucos metros assobiava baixinho o nosso hino e em poucos minutos ele era entoado por todos que se encontravam ali. Desconfio que até São Pedro cantava, pois nessa hora a chuva parou.Naquele momento, não havia chuva, fome, frio que me tirasse daquele lugar. No rosto de cada um, eu podia ver o mesmo sentimento que carrego comigo, que só quem compartilha é capaz de entender, e que não me atrevo a tentar explicar.
Um homem, que tinha a roupa colada no corpo pela chuva, perguntou pra si em voz alta o que fazia ali. A resposta apareceu no silêncio, quando seu uniforme molhado exibia uma enorme tatuagem do Galo em suas costas.
O resultado do jogo, a tristeza que eu fiquei por não conseguir ingresso, a posição na tabela, tudo perdeu o valor naquele momento, porque eu percebi que assim como aquele homem, eu também tenho o Galo tatuado...na alma.
Vamo que Vamo Galo!
Imagens: Moacir Gaspar, do Blog "Somos Galoucura"
