Transpiração versus inspiração: Galo sofre para construir ataques pelo meio
Por: Guilherme Peixoto
08/11/2017 - 09:37
colaborou Rodrigo Campos, do Galo Estatísticas
Nas duas últimas partidas, contra Botafogo e Santos, o Atlético teve muitas dificuldades na criação de jogadas. Ao contrário do Cruzeiro, que deu ao Galo a chance de contra-atacar, o alvinegro carioca se plantou na defesa e obrigou o Galo a trabalhar a bola com paciência, tentando construir os lances ofensivos com mais calma e menos intensidade. Diante do Peixe, na rodada passada, o problema persistiu.
Com Adílson e Elias formando a dupla de volantes, a equipe de Oswaldo de Oliveira sofreu para conseguir furar a retranca botafoguense e acabou empatando por 0 a 0. Enquanto Adílson tem a marcação forte como principal característica, Elias é um meio-campista essencialmente infiltrador. Ou seja: faltou ao Galo um jogador com o passe mais qualificado. Sem repertório na faixa central do campo, o time precisou forçar bastante o jogo pelos lados, uma constante que se repete ao longo de todo o ano.
Contra o Santos, o desempenho ruim da equipe se deveu bastante à falta de inspiração do meio-campo, que não conseguiu trabalhar a bola com qualidade quando a teve nos pés. Utilizando pouco o meio do gramado, o jogo do Atlético foi quase todo baseado em cruzamentos efetuados pelos laterais.
Reserva imediato dos titulares, Roger Bernardo costuma descolar bons toques em profundidade, mas é prioritariamente destruidor. Yago, a outra opção, ainda é uma incógnita. Gustavo Blanco, que estava machucado e voltou aos treinamentos na última semana, é outra opção.
Estatísticas
A pouca contribuição ofensiva dos volantes alvinegros pode ser medida através de alguns números. Dos 37 gols marcados pelo Atlético no Campeonato Brasileiro, apenas quatro foram anotados pelos cabeças de área, sendo três de Elias e um de Yago. Enquanto isso, nas assistências, todos os volantes estão zerados. Constantemente acionados por Oswaldo de Oliveira, Adílson e Roger Bernardo não têm nenhuma finalização certa na competição. Elias acertou dez chutes e Yago quatro. Com poucos minutos jogados, Gustavo Blanco não finalizou nenhuma vez.
Nos lançamentos, o melhor aproveitamento é de Elias, que acertou 18 jogadas do tipo. Adílson, seu parceiro mais recorrente, concretizou apenas um terço disso.
“Para os lados e para trás”
Com claras dificuldades na construção de jogadas a partir do toque de bola, os volantes atleticanos fazem o “feijão com arroz”. Poucos passes em profundidade são dados pelos meio-campistas, que optam por dar a bola aos laterais, obrigando a equipe a forçar ataques pelos flancos.
Fábio Santos é o jogador mais procurado pelos volantes. Enquanto Elias deu, até aqui, 107 passes com destino ao lateral-esquerdo, Adílson efetuou 71. O vice-líder da estatística é Marcos Rocha, que recebeu 77 passes do camisa 8 e 80 do camisa 21. A troca de passes entre si também é uma das características da dupla titular. Enquanto Adílson entregou 116 bolas à Elias, o inverso aconteceu 89 vezes.
Desde a saída de Rafael Carioca, no fim de agosto, o Atlético ficou órfão de um cabeça de área cujas marcas fossem o toque de bola e o controle de jogo. Sem um volante passador, a equipe fica ainda mais refém da individualidade dos jogadores, sobretudo daqueles que atuam pelas beiradas.