Já estamos de volta a Belo Horizonte após outra uma vitória do Galão mais lindo do mundo, em Uberaba. Saímos da Sede de Lourdes sábado, meia noite, e não sabíamos ao certo como era o atleticano do Triângulo Mineiro, já que esse se encontra mais próximo do futebol paulista, geograficamente e nas notícias que recebe diariamente na mídia. Logo na entrada da cidade avistamos muitas camisas de times paulistas, cariocas, mas raramente víamos algo relacionado ao futebol mineiro.
A maioria dos atleticanos do Triângulo moravam em outras cidades ou sofreram influência de parentes que já amavam o Atlético antes de se mudarem para Uberaba. Conversando com alguns, ouvimos que somente um canal, a Alterosa, veiculava informações sobre o esporte mineiro com frequência. Porém, aqueles que não seguiram a forçação de barra da mídia e escolheram o Galo para amar uma vez até morrer, formaram um grupo muito unido e com um planejamento de equipe que não vi nem em Belo Horizonte.
Conheci o Leo que simboliza bem o que digo. Ele chegou cedo no estádio, por volta das sete da manhã, nos encontrou tirando um cochilo na calçada e convidou a participar de um encontro de atleticanos em um bar próximo. Ali vi o Leo com uma caixa de papelão carregada de camisas personalizadas para crianças que entrariam com o time em campo, além de fogos de artifícios, como bombas de fumaça e sinalizadores que deixariam a arquibancada mais bonita. Os pais que podiam contribuir com algum valor, deixavam a doação para o pagamento da nota fiscal que estava colada na parede, detalhando todo o material; caso não fosse possível, a criança levava a camisa sem pagar nada. Se o dinheiro arrecadado ficasse acima do valor da nota, a diferença seria revertida para a compra de caixas de leite para famílias carentes, junto com os agasalhos arrecadados pelos atleticanos. A turma ainda pagou ingressos para crianças que não conseguiriam ir ao jogo, por não terem condições de pagarem o valor da entrada (30 reais).
Quando as caravanas foram chegando, os atleticanos nos perguntavam sobre a fase do time, a esperança para a temporada, ações dos administradores, entre outros assuntos relacionados ao Atlético. Todos falavam sobre a batalha que é defender o Galo em seus municípios, diante das decepções dos últimos anos, mas sempre confiando que o amanhã será melhor.
Durante o jogo relembrei o amor puro que existe com o torcedor que raramente vê o time, como acontece no interior. Sua maior preocupação é dar um grito de apoio, ganhar um aceno do atleta, ficar próximo ao campo para ter a certeza que o Atlético é real. É algo fantástico, mágico!
Infelizmente o Atlético não sabe usufruir das visitas nessas cidades. Não há uma estrutura para receber o torcedor, vender produtos do Clube, entre outras ações de marketing. Quando o ônibus passou no meio da multidão, o único presente para os apaixonados foi um aceno do massagista. Os milionários de chuteiras estavam mais concentrados em seus fones de ouvido.
Para nossa sorte, o Atlético não depende deles. Eles irão embora algum dia e essa turma de Uberaba e do Triângulo Mineiro continuará ainda mais atleticana. De volta a Belo Horizonte, em cada parada na estrada encontrávamos carros, vans, ônibus lotados de histórias que todos queriam dividir com toda a cidade quando chegassem em casa. A camisa suada usada durante o dia será lavada, irá para o varal e não há tempestade que irá tirá-la dali.
Agradeço aos muitos amigos que nos receberam tão bem. Não arrisco colocar nomes, pois não quero correr o risco de esquecer alguém, já que todos foram espetaculares. Elogiando o blog, dando dicas, querendo um registro em foto ou vídeo, recebemos cada recado de coração aberto e esperamos voltar logo para mais um encontro.
Desculpe encerrar com essa palavra, mas o momento pede. Essa Massa é FODA!
Fael Lima
ABRAÇO NAÇÃO!
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Fotos: Cam1sa Do2e