Vencemos o Santos – Eles venceram as críticas

Os 3 gols de Tardelli foram importantes nesse jogo contra o Santos, mas não foram eles que garantiram a vitória ao Galo.
O Galo abriu o placar quando a torcida começou a lotar as ruas próximas ao Mineirão, com escudos, fogos e bandeiras. A torcida armou grandes jogadas quando cantou todo o tempo e desarmou o adversário, vaiando sempre que a bola caía em seus pés. Porém, não foi Tardelli e não foi a torcida quem mais influenciou no placar.
Eu lhes digo com total certeza que nossa vitória  começou no fim do ano passado. Sim! Quando Luxa chegou e a imprensa dizia que ele já não era o mesmo, estava ali a base da nossa vitória.
Aranha sendo vaiado nos primeiros minutos do Campeonato Mineiro também foi um momento que influenciou o jogo de hoje, assim como as cobranças exageradas da torcida com Werley.

O Santos, assim como meus olhos, não conseguia acompanhar Carlos Alberto nas subidas rápidas pela direita. Um jogador questionado pela qualidade do seu futebol, deixando para trás tantas piadas maliciosas, preocupando-se somente com a vitória.
Lhe estendo a mão Ricardinho, para que me bata com a palmatória pelas vezes em que pedi sua saída. Sei que irá segurar minha mão somente para levantar-se mais uma vez, pois és mais experiente que um simples garoto como eu.
Incluo na lista, Fabiano que não trazia consigo uma boa campanha no norte do país e Junior que trazia consigo anos demais para o futebol, que o tinha como velho. Velhos são nossos conceitos, que abrem as portas para as críticas prematuras e fecham as janelas para as oportunidades. Ações que partem de forma involuntária das arquibancadas, pois as feridas de muitos anos estão abertas e fica difícil enxergar quem serão os "Doutores" certos para tratá-la.
O sapateado de Luxemburgo no gol, o soco de Aranha no ar após as defesas, a coragem de Werley ao pedir empenho dos companheiros, a postura de Fabiano ao chamar a torcida para jogar ao lado do time. Tudo me fez ver que vencemos o jogo quando cada jogador assumiu o papel que seria do torcedor. Cada um confiou no companheiro, cada um incentivou o próximo no vestiário e nos momentos difíceis, todos foram para a arquibancada e tiveram a sobriedade de pensar: "Então é isso que eles querem?"
E hoje eles entraram em campo sem visualizar do outro lado o badalado time do Santos. Do outro lado do campo estava todo esse fardo de cobranças e críticas que lhes roubaram tantas noites de sono. Venceram, venceram e venceram. Três vezes venceram no ataque e tantas outras venceram na defesa.
Como último exemplo, deixo Zé Luís; que perdeu o pai nessa semana e teve forças para ser um leão em campo, mesmo sendo o jogador que chegou no início do ano marcado pela sua passagem pelo clube em 2004. Teu pai está orgulhoso Zé, pois está lá no alto, sabendo que você ficará tão próximo a ele, quando estiver no alto do pódio.

Eles não querem nada em troca, nem mesmo aplausos da multidão, nem microfones, nem mídia papa-momento.
Todos querem somente mais uma oportunidade amanhã, para novamente darem até a última gota de suor, até a última força no corpo, para que o placar mostre um título antecipado. Um título moral, onde a faixa no peito é colocar a cabeça no travesseiro e ter a certeza que foram homens de honra, homens que jogam com muita raça e amor.