Câmeras voltadas para a porta dos vestiários à espera do craque, da revelação, do técnico, do artilheiro. Todos passam com um olhar no horizonte, focados e concentrados na vitória, quase não ouvem a torcida, apesar de repetirem as mesmas palavras que marretam suas cabeças – Vencer, vencer, vencer!
Outra porta está para abrir, porém ninguém registra em foto ou vídeo os olhos que brilham. Quinhentas crianças que já garantiram uma vitória, em um dia que elas ainda não sabem, mas que será lembrado para sempre, mesmo que às vezes elas estejam dormindo, enquanto revivem os momentos em sonhos.
A Massa, acostumada com o ritual, entra em passos largos para garantir rápido o lugar favorito no estádio. As crianças não, todas caminham devagar, sempre olhando em todos os cantos, não querem perder nenhum detalhe. Não há um lugar preferido no estádio, todo lugar agora é perfeito, pois em campo um Galo Doido corre sem parar.
O jogo havia começado, mas eu não conseguia me concentrar no gramado. Olhava o tempo todo para um setor onde ninguém ficava parado. Os adultos roíam as unhas, xingavam, transpiravam tensão, enquanto os pequeninos gritavam sem parar – “Galooooo Galoooooo”!
Para eles não existe vaia, erro ou apatia. Tudo que traz o preto e branco é sinônimo de perfeição. Para eles não existe gol comum ou golaço, pois todos antecedem a mesma festa. Os amiguinhos que torciam para bandeiras coloridas olham para os Atleticanos querendo dizer que a partir daquele momento defendem as mesmas cores, o preto e o branco.
Ouvir o hino Atleticano de uma criança me faz crer na eternidade desse time.
Em campo, uma goleada. Nas arquibancadas, algo muito maior que uma goleada. Digna de aplausos do craque, da revelação, do técnico, do artilheiro.
Fael Lima
ABRAÇO NAÇÃO!
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Fotos: Bruno Cantini
