Conheci vários estádios pelo Brasil. Cheguei a ver cachorro pulando com a torcida em Divinópolis, vi funcionários de São Januário com dificuldade em atender torcedores, mas se esforçando para resolver os problemas durante a partida. Em Campinas, bebi água em uma bica e no Serra Dourada o maior problema era a iluminação. Poderia listar pequenos defeitos em cada estádio, até mesmo nos valores dos produtos do Morumbi.
Porém, entre todos os estádios que passei pelo Brasil, nunca vi algo parecido com o Novo Mineirão. Na entrada, torcedores impacientes com a desorganização jogaram grades para o alto, machucando mulheres e crianças. Do lado de dentro, apenas um bar atendia a todo o setor da torcida do Atlético. No fim do primeiro tempo, começou o caos entre seguranças, funcionários e torcedores.
Foto: Cam1sa Do2e
Após vender dezenas de fichas, a água acabou no único bar. Com medo da reação dos torcedores, os funcionários fecharam as portas e policiais fizeram um bloqueio em frente ao local. Quem pagou caro pelas fichas não conseguia trocar e não sabia se o bar abriria novamente. A água também acabou no único bebedouro do corredor quando centenas de pessoas formavam uma fila.
Indignados, os torcedores quebraram o bebedouro e alguns chegaram a deixar o estádio. Algumas pessoas bebiam água nos banheiros, porém, após alguns minutos, também não era possível encontrar água nas torneiras. Com lixo espalhado pelo banheiro, os vasos entupiram e começaram a despejar uma água com odor fétido.
Quando viu que eu registrava os vídeos, um pai chorando me pediu ajuda. Disse que pagava até 50 reais por um copo d’água para o filho que passava mal. Nenhum funcionário da Minas Arena o ajudou, mesmo com a criança precisando de atendimento.
Sem água no banheiro, no bebedouro e nos bares, restou aos torcedores lavarem as mãos na água que pingava do teto – no teto do Novo Mineirão. No setor que os ingressos custavam 60 reais e os lanches chegavam a oito reais, tudo que os torcedores pediam era água. Não consegui registrar o camarote dos responsáveis pela obra, mas será que encontraríamos as mesmas cenas?
Fael Lima
ABRAÇO NAÇÃO!
