Precisamos lamber as nossas feridas

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22/04/2021 - 20:52

E mais importante: precisamos identificar onde estão nossas feridas 

Lamber feridas é uma expressão usada para explicar que a vida segue e é importante se reerguer. Ela é baseada no hábito que os animais fazem de, de fato, lambear os próprios machucados. Essa ação retira detritos e outros contaminantes da ferida e ajuda na cicatrização da lesão. E nós, como galináceos, precisamos colocar isso em prática.  

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Vargas ainda está devendo com a camisa do Galo - Pedro Souza/Atlético

“Onde foi que eu errei?” Sérgio Coelho e os 4R’s devem estar se perguntando. Desde 2020, com Sampaoli, que a torcida pede um centroavante. Cadê o camisa 9? Historicamente, nas nossas melhores lembranças, temos um homem-gol/referência para chamarmos de nosso. Esse é o problema? Pode ser. Maaaaaaas, se o Vargas tivesse no mercado, seria um excelente nome para preencher essa lacuna. Analisando o mercado nacional, Sasha também seria uma boa peça para jogar ali na frente. Então, por qual motivo estamos reclamando? Eles estão aqui. Estamos reclamando, pois a grama do vizinho é sempre mais verde. Não quero defender o Vargas, nunca fez nada por nós, a reflexão que fica é: se chegar o camisa 9, nossos problemas não estarão resolvidos.  

“A culpa é do Guga!” Será? Calma lá, gente. Nem na Seleção Brasileira tem um lateral direito que enche os nossos olhos. Estão com saudade do Patric? Saudade eu sinto é do Marcos Rocha de 2012/13 e 14. Do resto eu tenho é raiva. Inclusive do Guga! Mas ele tá longe de ser o principal culpado. Inclusive, muito cornetado após o empate contra o La Guaira, para quem gosta de número, de acorda com o SofaScore, o lateral foi o melhor em campo do lado atleticano, com uma nota de 8,5. Se a bronca é porque ele é flamenguista, lamento dizer, mas o boleto chegou com mais de um ano de atraso.  

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Guga é um dos mais contestados nos últimos jogos - Pedro Souza/Atlético

“Fora, Cuca!”. Respeito todas as opiniões (graças a Deus vivemos em uma democracia), mas atleticano não aprende com nada, né? Em 2011, sob o comando de Cuca, perdemos seis jogos seguidos, e tem mais, com direito a um bônus de sofrer a maior derrota para o nosso rival. Kalil bancou, Cuca ficou. Veio 2012 e 2013... o resto é história. Mas aqui eu afirmo, tô longe de ser fã número um do Cuca, por mim, não devia nem ter vindo. O Caso de Berna ainda me incomoda ao ter que apoiá-lo. Mas, vamos ser sensatos, pedir a cabeça de treinador com menos de 10 jogos? Se você é fã de futebol, certamente já jogou um simulador do nosso amado esporte bretão (Brasfoot, Football Manager e afins), imagina você sendo demitido com sete jogos? É justo? Da pra ter uma opinião sobre o trabalho? 

Espaço para melhorar

Sessenta cruzamentos: isso é sintomático. Repito, 60. Isso me assusta. Mostra falta de repertório do time, dificuldade dos nossos atletas em vencerem confrontos individuais e muitas outras coisas. Alô, Cuca, já dava pra ter melhorado isso, né? E tem mais, contra o Deportivo La Guaira, foram 29 finalizações e apenas 9 no gol. Uai, tão treinando finalização não? Inclusive, nosso querido Nacho perdeu um gol dentro da pequena área - ainda estou lamentando. 

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Nacho em ação contra o Deportivo La Guaira pela Copa Libertadores - Pedro Souza/Atlético

Enfim, temos muita coisa a melhorar, né Hulk (Réver, Allan...)? Mas, repito, precisamos reconhecer onde estão as nossas dores. Saber a gravidade do problema e a urgência em resolvê-lo. Não adianta cobrar tal jogador só porque você tem birra. E muito menos criticar treinador só porque ele não é o seu preferido. Nós somos Galo, já tivemos turbulências maiores e choramos cantando o hino. Massa, prestem atenção, nosso problema não é Éverson ou Rafael, Allan ou Zaracho, Cuca ou Renato Gaúcho. Se um deles fossem sinônimo de vitórias, nossa dor estava remediada.  

Eu não sei vocês, mas, por enquanto, eu estou lambendo feridas. Não sei até quando, mas o que temos pra hoje é isso. #VamosGalo